“BLOG”: O EFEITO TERAPÊUTICO COMO ECONOMIA DO DISPOSITIVO CONFESSIONAL

Autores

  • Elzira Yoko UYENO UNITAU

Palavras-chave:

Blogue. Escrita. Subjetividade. Virtualidade. Confissão

Resumo

Na era de sua reprodução eletrônica, as modalidades de transmissão de textos promoveram uma revolução do suporte do texto. O espaço virtual constitui suporte para a circulação de textos como “chat”, fórum, “web-page” ou “site” pessoal, “blog” e “orkut”. O “Blog”, espécie de diário pessoal disponibilizado em rede, associado a voyeuristas “webcams” e “reality shows”, têm sido interpretados como sintomas do fim da esfera privada, determinado pela hipertrofia da homogeneização do homem contemporâneo, via redução e unificação de polissemias, sob as quais subjaz uma moral capitalista que disciplina e normaliza a sua conduta (Foucault, 1975). A redução da heterogeneidade é produzida pelo dispositivo disciplinar que explora o máximo das potencialidades de indivíduos amorfos e os transforma em sujeitos política e economicamente dóceis e produtivos, produzindo, portanto, suas identidades; daí sua positividade. O dispositivo confessional (Foucault, 1993), via extorsão da verdade, engendra a objetivação dos indivíduos. Duas parecem ser as explicações para o registro público de acontecimentos, impressões e confissões. Comprovando que a homogeneidade (leia-se identidade) pretendida pelos dispositivos não se realiza sem luta, o indivíduo também manifesta o poder de que é constituído, revelando sua singularidade. Para além dos efeitos do diário tradicional, o “blog” revela sua eficácia terapêutica: comprovando a economia da confissão, o indivíduo escreve para um leitor (leia-se confessor), ainda que virtual, para incumbir-lhe a tarefa hermenêutica da decifração da verdade sobre si, porque, embora presente na confissão (que, pletórica, transborda a si), ela só se completa naquele que a recolhe (Foucault, op. cit.: 66). Partindo do pressuposto da inextrincabilidade da constituição do sujeito e da de seu discurso e focalizando o “blog”, é ao Foucault, ontologista histórico do homem e analista dos mecanismos que transformam indivíduos em sujeitos, que se consagra este estudo. 

Biografia do Autor

Elzira Yoko UYENO, UNITAU

Graduada em Letras pela Universidade de Taubaté (1974), mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (1995) e doutora em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Atualmente é professor assistente doutor na Universidade de Taubaté (Unitau), atuando no Programa de mestrado em Linguística Aplicada, onde leciona, orienta pesquisas e coordena o projeto de pesquisa (CNPq-Unitau) “Subjetividades e Identificações: efeitos de (d)enunciação”, e na graduação no Curso de Letras. 

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Publicado

2013-08-26

Edição

Seção

Artigos