DESMISTIFICAÇÃO DO DISCURSO:

“Não sei português”

Autores

  • Francisco FERREIRA NETO Unifesp
  • Rafael Dias MINUSSI

Resumo

Durante as aulas de língua portuguesa, muitas vezes, os estudantes repetem frases como: “eu não sei português” ou “eu não sou bom em português”. Mas é realmente isso o que eles querem dizer? E o que os professores pensam a respeito? No desenvolvimento deste texto, procuramos analisar o que esse discurso carrega de informações implícitas, a partir de definições de Maingueneau (2015) sobre discurso e ethos discursivo, entre outros termos, esboçando ainda como uma aula de língua portuguesa pode ser um espaço discursivo mais favorável para o aprendizado. Além do referencial do discurso em análise, trazemos a Teoria Gerativa para corroborar por que “não saber português” representa um mito dito por muitos brasileiros que sempre falaram e falam usando essa língua. Como um aprofundamento no assunto, abordamos a questão do uso das tecnologias e da multimodalidade no processo de ensino-aprendizagem, alertando para a importância de se refletir a prática e valorizar objetos presentes no cotidiano dos estudantes, a fim de se evitar a criação de novos mitos quando as habilidades do currículo não são bem desenvolvidas. Na busca por soluções, apresentamos a necessidade de uma atualização no currículo de língua portuguesa com a inserção mais clara da Faculdade da Linguagem nos documentos orientadores, e, também, que este assunto esteja em pauta nos cursos de formação continuada docente, para que pensamentos assim sobre a língua tendam a diminuir com o tempo e práticas pedagógicas que privilegiem o protagonismo juvenil ganhem espaço.

Biografia do Autor

Francisco FERREIRA NETO, Unifesp

É professor de Educação Básica II desde 2014, atualmente designado como Professor Coordenador Pedagógico do Ensino Médio, na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Possui graduação em Letras (Português/Inglês) pela Faculdade Anhanguera de Guarulhos (2013) e pós-graduação em Língua Portuguesa e Docência do Ensino Superior pela FAVENI (2019). É mestrando em Letras, na área de Estudos Linguísticos, pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Seu projeto atual encontra-se na linha de pesquisa Linguagem e Cognição e possui foco no ensino de estrutura argumental na Educação Básica, com base na teoria gerativa e na metodologia de aprendizagem linguística ativa. Participa também do grupo de pesquisa LabLinC (Laboratório de Linguagem e Cognição).

Rafael Dias MINUSSI

É professor do Departamento de Letras da UNIFESP e da Pós-Graduação em Letras da UNIFESP. Possui bacharelado e licenciatura em Letras Português e Linguística pela Universidade de São Paulo (2006). É mestre em Linguística (2008) e doutor em Letras (2012) pelo programa de pós-graduação em Semiótica e Linguística Geral da Universidade de São Paulo. Tem pós-doutorado pela Universidade de Lisboa (2019). Atualmente, participa dos seguintes grupos de pesquisa do CNPq: GREMD (Grupo de Estudos em Morfologia Distribuída) da USP e do LabLinC (Laboratório de Linguagem e Cognição) da UNIFESP. É membro do LabLinC da EFLCH da UNIFESP e do The Word Lab (Universidade de Lisboa). Seu projeto atual tem como objetivo investigar a formação dos blends em comparação com os compostos, tendo como metodologia a realização de testes experimentais para investigar o processamento dessas palavras

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Publicado

2024-03-06