O EMPREGO DA METÁFORA NA CONSTITUIÇÃO DISCURSIVA DO ESCÂNDALO POLÍTICO MIDIÁTICO: O CASO NOVOS ALOPRADOS
Palavras-chave:
Escândalo Político. Mídia. Discurso. Metáfora.Resumo
Este artigo se ocupa em discutir a atuação de instâncias enunciativas de mídia no processo de constituição simbólica do escândalo político. Com base na concepção de escândalo político como evento midiático e simbólico (THOMPSON, 2002) e na definição de discurso como prática articulatória (LACLAU, 2008, 2011; LACLAU e MOUFFE, 1987), investiga-se o evento midiático Novos Aloprados (2010), examinando o seu movimento de significação a partir da análise comparativa entre as práticas discursivas das revistas semanais Veja e Carta Capital. Mais especificamente, descreve-se como ambos os discursos midiáticos significam as transgressões originais e secundárias envolvidas no escândalo em foco através do emprego da estratégia discursivo-textual da metáfora (LAKOFF e JOHNSON, 2002). O corpus é constituído por oito reportagens, que são dispostas em pares, de acordo com as quatro fases da sequência narrativa do escândalo, e examinadas observando os processos metafóricos conceituais, orientacionais e ontológicos mobilizados em sintagmas nominais e verbais referentes às transgressões. Ao final, a pesquisa indica que o escândalo político é parcialmente discursivo, constituído em parte e de diferentes modos pelas práticas discursivas dos media, que, associados à manipulação e ao poder, constroem o evento que noticiam (re)fundando valores, crenças e juízos quanto a formas de vida.