DESMISTIFICAÇÃO DO DISCURSO:
“Não sei português”
Resumo
Durante as aulas de língua portuguesa, muitas vezes, os estudantes repetem frases como: “eu não sei português” ou “eu não sou bom em português”. Mas é realmente isso o que eles querem dizer? E o que os professores pensam a respeito? No desenvolvimento deste texto, procuramos analisar o que esse discurso carrega de informações implícitas, a partir de definições de Maingueneau (2015) sobre discurso e ethos discursivo, entre outros termos, esboçando ainda como uma aula de língua portuguesa pode ser um espaço discursivo mais favorável para o aprendizado. Além do referencial do discurso em análise, trazemos a Teoria Gerativa para corroborar por que “não saber português” representa um mito dito por muitos brasileiros que sempre falaram e falam usando essa língua. Como um aprofundamento no assunto, abordamos a questão do uso das tecnologias e da multimodalidade no processo de ensino-aprendizagem, alertando para a importância de se refletir a prática e valorizar objetos presentes no cotidiano dos estudantes, a fim de se evitar a criação de novos mitos quando as habilidades do currículo não são bem desenvolvidas. Na busca por soluções, apresentamos a necessidade de uma atualização no currículo de língua portuguesa com a inserção mais clara da Faculdade da Linguagem nos documentos orientadores, e, também, que este assunto esteja em pauta nos cursos de formação continuada docente, para que pensamentos assim sobre a língua tendam a diminuir com o tempo e práticas pedagógicas que privilegiem o protagonismo juvenil ganhem espaço.