DISCURSIVIDADES DIGITAIS SOBRE A BNCC, LÍNGUA E ENSINO: ENTRE O EFEITO DE ACESSO E O NÃO ACESSÍVEL
Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar o discurso inscrito na Base Nacional Comum Curricular (BNCC); especificamente, interessa-nos a seção destinada ao ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio e as discursividades em funcionamento nas redes midiáticas digitais acerca da temática em pauta. O estudo se respalda em pressupostos teóricos da Análise de Discurso (AD) de filiação pecheuxtiana; mobilizaremos as noções de sujeito, formação discursiva, língua e silenciamento de sentidos; além de contribuições da área de Educação, de Ciências Sociais e das discussões sobre o discurso digital. O corpus foi constituído por três materialidades digitais, sendo duas formulações da BNCC e um print com cinco comentários realizados em um vídeo intitulado “BNCC e o Novo Ensino Médio” veiculado no Youtube. Os gestos analíticos mostram que o discurso do documento produz efeitos de que o estudante terá domínio sobre as práticas da leitura e da produção textual, que, por sua vez, podem garantir a inclusão e o protagonismo social destes; além de efeitos de sentidos de igualdade e equidade social por meio da Educação. Todavia, considerando que no espoco teórico-analítico da AD, a língua é tomada em sua opacidade, nos ditos da BNCC funcionam muitos não ditos, tais como as desigualdades sociais, a contradição dada pela impossibilidade da garantia de equidade e os constantes cortes na Educação, mobilizados nos comentários digitais, que intensificam a movência dos embates discursivos, com a estabilização dos sentidos, mas também com a resistência, a contestação e os contradiscursos.