Ensino-aprendizagem de língua estrangeira, Relação L1/L2, Perspectiva histórico-cultural, Maturidade na L1
Resumo
O objetivo deste artigo é retomar uma antiga discussão envolvendo o papel da língua materna (LM) no processo ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras (LEs). Embora tal discussão possa parecer datada, ela se justifica devido ao grande número de professores que ainda se deparam com o dilema de usar ou não a LM em sala de aula, muitas vezes pautados pela visão dicotômica LM x LE. Trazemos para o diálogo alguns autores e pesquisadores que têm evidenciado o importante papel da LM nessa relação desde a década de 1980, suas indicações de momentos em que sua utilização é positiva, bem como algumas hipóteses acerca do que tem causado a perpetuação dessa concepção dicotômica no campo de SLA (Second Language Acquisition). Apresentamos, em seguida, como Vigotski (2001) concebia essa relação e discorremos sobre como podemos compreender a ‘maturidade’ na LM como propulsora da aprendizagem da LE, bem como a interinfluência entre as línguas, também defendida por Cummins (1979). Para ilustrar os papéis (ou funções) desempenhados pela LM, examinamos algumas pesquisas realizadas no Brasil que evidenciam sua utilização em diversas instâncias, principalmente nas dimensões cognitiva e metacognitiva. Algumas pesquisas apontam a dimensão afetiva, ao passo que a dimensão desenvolvimental não é discutida. Por fim, apontamos brevemente a importância das relações dialógicas (no sentido bakhtiniano) e dos padrões discursivos para a apropriação da LE.
Biografia do Autor
Karin QUAST, UNITAU
Departamento de Ciências Sociais e Letras - Programa de Mestrado em Linguística Aplicada
língua materna e aprendizagem de língua estrangeira: interferência negativa ou recurso mediacional?