POSICIONAMENTO, LINGUAGEM E AQUILOMBAMENTO: EMOJIS NEGROS COMO FERRAMENTA DE RESISTÊNCIA NO DIGITAL
Resumen
As tecnologias digitais de informação permitem que práticas, antes moldadas às atividades analógicas, passem a existir, também, em ambientes online. Uma vez estabelecidas nas práticas sociais e de linguagem, essas ferramentas ressignificaram pensamentos e ações, tornando-se indispensáveis a discussões importantes como os processos de alteridades, identidades e temáticas étnico raciais. Nessa senda, objetivamo-nos a fomentar uma discussão acerca da racialização dos emojis utilizados em ambientes virtuais enquanto ferramentas identitárias e de resistência negra no digital. A fim de exemplificar o que nos propomos discutir, analisamos alguns comentários produzidos por participantes de uma live realizada por mulheres quilombolas no Facebook. Teoricamente, esta pesquisa ancora-se nos postulados da Linguística Aplicada enquanto propulsora do pensamento que toma a língua enquanto prática social, transdisciplinar, indisciplinar e transgressiva. Além disso, utilizamos alguns conceitos dos Sistemas Dinâmicos Complexos (Paiva, 2015), Teoria do Posicionamento (Barton; Lee, 2015), dentre outros estudiosos pertinentes à discussão. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, cujo objetivo exploratório permitiu investigar, analisar e conceber uma visão sistemática do objeto em questão. Diante das interações dos usuários que se expressaram durante a live, foi possível perceber que os usos dos emojis se dá em dois níveis, que são: a junção de emojis com a escrita textual; e a utilização apenas dos emojis como forma de comunicar. Isso evidencia que esses elementos pictográficos são uma linguagem que completa sua intenção, ou seja, comunica de forma inteligível, e que quando são racializados, tornam-se ferramentas discursivas de identidade e de resistência negra no digital.