Esta pesquisa trata da relação dialógica entre as enunciações emergentes na mídia brasileira em 2020, responsivas às declarações presidenciais, e as enunciações responsivas de resistência à Ditadura Militar de 1964. Esse tema é delimitado por um enfoque que diferencia e relaciona as enunciações de diferentes atores políticos da resistência democrática nos contextos sócio-históricos pandêmico e ditatorial, frente à lógica do biopoder e necropolítica. Esta pesquisa se justifica pela complexidade de compreensão da dinâmica dos processos discursivos e da necessidade de uma abordagem linguístico-discursiva relacionada à teoria política e historiografia. Como objetivo geral, por meio de recorte de dissertação defendida em outubro de 2021, trata-se de investigar relações dialógicas entre o enunciado concreto de Edmar Barros (fotógrafo da Associated Press) – atrelado ao cronotopo pandêmico emergente no documentário Cercados (2020) – e o enunciado concreto Amélinha Teles (ex-militante do PC do B) – atrelado ao cronotopo da Ditadura Militar de 1964 emergente no documentário Verdade 12.528 (2013). Especificamente, busca-se analisar o tom valorativo, permeado pela necropolítica, que articula o dialogismo enunciativo. Teoricamente, a pesquisa se fundamenta em conceitos essenciais à concepção bakhtiniana articulados com as perspectivas historiográficas que Schwarcz e Starling (2019) e Schwarcz (2019) desenvolvem sobre a ditadura militar de 1964 e autoritarismo; o conceito de biopoder por Foucault (2019) e necropolítica por Mbembe (2018). O procedimento metodológico de pesquisa é qualitativo-interpretativo documental. A análise de dados indicou que a abordagem linguística dialógica, político-historiográfica possibilita uma compreensão mais apurada do dialogismo existente entre as enunciações atreladas aos dois contextos discursivos.