A PRÁTICA DE COLABORAÇÃO CIENTÍFICA NA ESCRITA DE ARTIGOS:
Entre convenções sociais, relações de poder e questões de autoridade
Resumo
Com base nos princípios teóricos dos Novos Estudos do Letramento e da abordagem dos Letramentos Acadêmicos, este artigo buscar caracterizar e analisar a prática de colaboração científica na produção de artigos científicos por um doutorando brasileiro e suas implicações para a definição de critérios de coautoria. Os dados analisados são um recorte de uma pesquisa realizada com ancoragem nos princípios metodológicos e epistemológicos da etnografia. Primeiramente, no que se refere à figura do orientador como coautor dos artigos, propõe-se reflexões sobre as relações de poder e de autoridade que enformam a prática de colaboração científica de pós-graduandos com seus respectivos orientadores. Em seguida, a análise aponta que o entendimento de como se estabelece uma colaboração científica entre pesquisadores, além de quem desses deve ser considerado um coautor, parece refletir normas e convenções socialmente construídas. Conclui-se que os critérios para a atribuição de coautoria são subjetivos, situados e ligados às concepções de pesquisa e de escrita de cada área do conhecimento. Isso permite afirmar que as práticas de escrita acadêmica são permeadas por diferentes convenções, concepções, ideologias e relações de poder e autoridade, as quais variam a depender do contexto e da cultura disciplinar em que estão inseridas.