O presente artigo examina a responsabilidade enunciativa no discurso escolar contido no Caderno do Aluno da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo-SEESP, focalizando a disciplina de História no Ensino Fundamental II. Objetiva-se verificar a tensão entre o modo de enunciação e a necessidade do posicionamento social, corretor das falhas éticas na construção étnico-racial brasileira deste discurso, em conformidade com a Lei 10. 639/2003. Também, identificar o modo de tratamento temático oferecido pela instância política-educacional à questão étnico-racial. Por último, alocar a ideia de um arquienunciador como responsável pela enunciação. Para isso, selecionamos, como corpus de análise, a Situação de Aprendizagem contida no Caderno do 7º ano, 4º bimestre do Ensino Fundamental II. Fundamentamo-nos no quadro teórico-metodológico da Análise do Discurso em sua perspectiva enunciativo-discursiva do qual mobilizamos a categoria de responsabilidade enunciativa. O discurso escolar se caracteriza por um modo de enunciaçãomediativo, marcador de zonas textuais dependentes de um saber em seu estatuto de mediação epistêmica, que, no caso da questão étnico-racial brasileira, constrói um dizer silencioso acerca do enunciado. O silêncio enunciativo e o apagamento dos sujeitos históricos reproduzem as sociabilidades racistas. Contudo, no bojo do discurso escolar, visamos a fornecer uma associação entre os estudos do discurso e as ciências sociais a fim de incitar o posicionamento da instância político-educacional em relação à sociedade brasileira contemporânea.
Author Biographies
Anderson FERREIRA, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP
Doutorando nos Estudos Pós-Graduados de Língua Portuguesa na PUC-SP.
Ramon Silva CHAVES, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Doutorando nos Estudos Pós-Graduados de Língua Portuguesa na PUC-SP.