Utilização de palmeiras nativas da Floresta Atlântica pela comunidade do entorno do Parque Estadual da Serra do Mar, Ubatuba, SP
Autores
Luciano Moreira da Silva
Universidade de Taubaté
Simey Thury Vieira Fisch
Universidade de Taubaté
Resumo
Na região do litoral norte do estado de São Paulo as comunidades tradicionais, que atualmente vivem entre as áreas de florestas protegidas do Parque Estadual da Serra do Mar-PESM e as áreas urbanizadas, guardam saberes sobre utilização da flora local ainda pouco documentados. No caso das palmeiras (Arecaceae) ocorrentes na Floresta Atlântica em Ubatuba-SP: Astrocaryum aculeatissimum (brejaúva), Attalea dubia (indaiá), Attalea humilis (pindoba), Bactris setosa (tucum do brejo), Euterpe edulis (juçara), Geonoma elegans (guaricanga canela fina), Geonoma gamiova (guaricanga macho), Geonoma pohliana (guaricanga fêmea), Geonoma schottiana (guaricanga palha fina), Syagrus pseudococos (pati) e Syagrus romanzoffiana (jerivá), pouco se sabe sobre seu uso pelas comunidades da região, o que pode representar um potencial econômico a ser mais bem explorado. O presente estudo realizou um levantamento deste potencial por meio de pesquisa participativa e entrevistas com moradores do bairro Ipiranguinha, Ubatuba (SP). Todas as palmeiras citadas nas entrevistas são nativas da região e apresentam potencial paisagístico, alem disso são usadas na alimentação (palmito e frutos) – brejaúva, guaricanga palha fina, indaiá, juçara, pati, pindoba e tucum do brejo; são empregadas em obras trançadas (fibras) e utensílios domésticos (fibras e endocarpo); das fibras também se confeccionam linhas e redes de pesca, além de tecidos grosseiros - brejaúva, guaricanga macho, juçara, pati e tucum do brejo; as folhas são usadas para coberturas de telhados – indaiá, guaricanga fêmea, guaricanga macho e pati; os estipes servem como esteios e ripas em construções rústicas – juçara e pati; e as folhas da etnoespécie juçara são utilizadas em manifestações religiosas com finalidade ritualística. Desde que exploradas racionalmente, as palmeiras abordadas possuem potencial para tornarem-se fonte adicional de renda para a comunidade e representam elementos para a valoração e proteção da diversidade biológica e cultural do entorno do PESM. Palavras-chave: Palmae; etnobotânica; Mata Atlântica; caiçaras