Biologia reprodutiva e ecologia trófica de Atherinella brasiliensis (Quoy e Gaimard, 1825, Atherinopsidae) ocorrentes na praia de Botelho, Ilha de Maré, Baía de Todos os Santos-BA, Brasil
Autores
Rogenaldo de Brito Chagas
Orimar Magalhães Costa Junior
Resumo
O estudo foi realizado na Praia de Botelho, Ilha de Maré, Salvador/BA, com o objetivo de analisar a ecologia trófica e a biologia reprodutiva de Atherinella brasiliensis. As coletas foram realizadas entre 08/2008 e 04/2009, com uma rede de arrasto manual. Foram coletados 104 peixes, transferidos ao LABMARH/ UNEB/Campus II, onde foram fixados (formalina a 10%), conservados (álcool a 70%), e obtidos dados merísticos. Para os meses de Setembro de 2008, Fevereiro e Abril de 2009 foi verificada elevada frequência de ocorrência (FO%) destes peixes. O comprimento furcal-[Padrão] - (cF-P) variou entre 49-100 mm com desvio padrão de 8,6σ, enquanto o peso entre 0,97-8,22g. As médias e desvios padrão do comprimento total (cT), comprimento da cabeça (cC), altura do corpo (hC) e altura da cabeça (hCa) foram 92,7 mm, 9.1σ; 18,4 mm, 1.9σ; 8,8 mm, 1.7σ e 13,2 mm, 11.9σ, respectivamente. Não houve diferenças estatísticas significativas entre as medidas biométricas de machos e fêmeas de A. brasiliensis. Foram identificados 36 juvenis (33,98%), 24 machos (23,31%) e 44 fêmeas (42,71%), para estes últimos foram encontradas gônadas nos estádios A, B, C e D prevalecendo, porém, os estádios C e D para as fêmeas e B para os machos enquanto a razão sexual entre machos e fêmeas foi 1:1,85. Constatou-se a presença de indivíduos com gônadas maduras nos meses de ago./08 set./08, dez./08, jan./09, fev./09 e abr./09, sugerindo que a espécie apresenta um longo período reprodutivo. A relação comprimento furcal-[Padrão] (cF-P) versus peso total (Pt) apresentou R2 = 0,7035 sugerindo relação positiva entre estas variáveis. Na relação comprimento e sexo foi observado que indivíduos atingem a maturidade gonadal a partir de 60 mm, porém, o maior número de indivíduos maduros encontrava-se nas classes de comprimento de 71-90 mm. Quanto ao grau de repleção, foram encontrados 57,23% estômagos vazios, 3,9% cheios, 6,83% meio cheios e 32,04% pouco cheios, e quanto ao grau de digestibilidade 54,54% do alimento ingerido estava muito digerido, 43,18% parcialmente digerido, e 2,28% não-digerido. Foram identificados 4 itens alimentares na dieta de A. brasiliensis. O item material digerido (GPA=2,68) foi classificado como preferencial, mas com ingestão de outros segundo o método do GPA, seguido pelos itens insetos (GPA=1,95), classificado como secundário, peixes (GPA=0,13) e crustáceos (GPA=0,17) com ingestão ocasional, caracterizando o hábito carnívoro e oportunista para A. brasiliensis.
Palavras chaves: Peixes, Praia, Alimentação; Reprodução, Estrutura populacional