Metabolismo anaeróbico da glicose e da arginina em Hoplosternum littorale (Callichthyidae; Teleostei) como biomarcador de eutrofização ambiental

Resumo

A presença de concentrações elevadas de metais em meios aquáticos associada à descarga de efluentes industriais e esgoto doméstico pode alterar o metabolismo dos organismos, comprometendo funções vitais e a manutenção da vida das comunidades que compõem o ecossistema. Nesse caso, a toxicidade decorre da interação dos metais com enzimas do metabolismo intermediário, em especial enzimas do metabolismo energético, responsáveis pela manutenção de funções vitais, tais como osmorregulação e propagação do potencial de ação no tecido nervoso. Com o objetivo de entender e identificar possíveis alterações enzimáticas que propiciam a sobrevivência desses espécimes em ambientes eutrofizados, foram conduzidos estudos comparativos sobre o metabolismo anaeróbio e de compostos nitrogenados, com exemplares de peixes coletados em ambientes eutrofizado e não eutrofizado. As atividades das enzimas lactato desidrogenase hepática e muscular e da arginase hepática do teleósteo Hoplosternum littorale, foram estudadas com o objetivo de evidenciar os prováveis mecanismos bioquímicos de adaptação que possam permitir a utilização dessas enzimas como biomarcadoras de ambientes eutrofizados. A estabilidade térmica, o Km em pH próximo ao fisiológico e o comportamento cinético da arginase hepática na presença do cofator Mn2+ foram similares em exemplares coletados nos ambientes eutrofizado e não eutrofizado. Os valores desses parâmetros foram semelhantes àqueles observados em outros teleósteos já estudados. A atividade da arginase hepática foi estimulada na presença de Mg2+, Mn2+, Co2+ e Ca2+ e inibida pelo Zn2+ e Cd2+. As atividades da arginase hepática e da lactato desidrogenase muscular foram semelhantes entre os exemplares coletados nos dois tipos de ambiente. Por sua vez, a atividade da lactato desidrogenase hepática foi maior nos exemplares coletados no ambiente eutrofizado, revelando assim a potencialidade dessa enzima como possível biomarcadora de ambientes eutrofizados.