Efeitos da variação temporal na estrutura da serrapilheira sobre a abundância de aranhas (Arachnida: Araneae) num fragmento de Mata Atlântica (Salvador, Bahia)

Resumen

Objetivou-se investigar o efeito das estruturas da serrapilheira sobre a abundância de aranhas e se a natureza dessa influência varia entre os períodos (seco e chuvoso). Foram selecionados quinze pontos, amostrados na estação seca e chuvosa. As amostragens foram feitas usando o extrator Winkler. As estruturas da serrapilheira aferidas foram: profundidade da serrapilheira, tamanho e forma das folhas, presença ou ausência de ramificações nos gravetos. Coletaram-se 90 aranhas, em 11 famílias, as mais frequentes foram Theridiidae (36,67%), Oonopidae (15,56%), Salticidae (15,56%) e Scytodidae (15,56%). Foram identificadas quatro espécies e quatro morfoespécies, sendo as mais freqüentes: Coleosoma floridana, Salticidae sp. 3 e Oonops sp.1. A abundância das aranhas foi influenciada pelas variáveis nos dois períodos, diferindo quanto ao efeito de cada variável. Na estação seca as aranhas foram influenciadas, positivamente por folha pequena plana, grande plana, grande curva, profundidade da serrapilheira e graveto reto, negativamente por folha pequena curva e graveto ramificado. Na estação chuvosa as estruturas que influenciaram de forma positiva foram: graveto reto e graveto ramificado. Em contraste com: folha pequena plana e curva, folha grande plana e curva e profundidade da serrapilheira que influenciaram negativamente. As folhas foram mais importantes para as aranhas no período seco. Nesse período, as folhas podem servir de abrigo, proteção contra predadores, alta temperatura e baixa umidade. No período chuvoso, muitas folhas estão em decomposição, nesse período, a disponibilidade de presas é mais importante que a complexidade do hábitat, a presença de gravetos pode favorecer isso, pois constitui micro-habitat de artrópodes que compõem a dieta das aranhas.