Avaliação da qualidade de água de sangradouros do litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil e a sua relação com a fauna bentônica de praias arenosas
Autores
Vanessa Ochi Agostini
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Luise Penz de Moraes
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Jane Marlei Boeira
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
Resumo
Os mais variados resíduos têm sido produzidos e lançados direta ou indiretamente no ambiente marinho, através da ação antrópica. Os sangradouros podem ser considerados uma via de contaminação, por causa do desvio de esgotos cloacais, os quais são carreados para o oceano, juntamente com as descargas pluviais. Por este motivo, o objetivo do presente trabalho foi analisar a qualidade da água de sangradouros do Litoral Norte do RS e realizar o levantamento da macrofauna associada a estes ambientes com potencial de avaliação ecotoxicológica. Foram escolhidos sangradouros de três localidades, Cidreira, Jardim do Éden e Tramandaí, para coleta de amostras de água, com as quais foram avaliados parâmetros físicos (pH, OD, DBO, DQO), químicos (cloretos, clorofila a, fósforo total, nitrogênio total e amoniacal, sólidos totais, sulfatos e sulfetos) e biológicos (coliformes totais e termotolerantes). Houve maior variação da qualidade da água na praia de Tramandaí onde se observaram valores acima da referência do CONAMA (357 e 274) para OD (8,80 mg.L-¹), DBO (5,60 mg.L-¹), sulfeto (1,29 mg.L-¹), cloreto (4198,70 mg.L-¹), nitrogênio total (2,489 mg.L-¹), coliformes totais (24196 NMP.100 mL-1) e termotolerantes (7270 NMP.100 mL-1). A partir da análise da macrofauna, verificou-se alta frequência dos bivalves Donax hanleyanus e Amarilladesma mactroides nos três sangradouros, organismos estes com potencial de utilização em testes de toxicidade. A grande presença de organismos na zona de praia e a falta de cuidados com o ambiente costeiro, revelados pelos dados do presente estudo, serviram para apontar a necessidade de um monitoramento e uma fiscalização deste tipo de recurso hídrico, já que os dados, mesmo que pontuais, mostraram uma excessiva quantidade de coliformes, indicando possivelmente o desvio de esgoto cloacal para sangradouros.
Biografia do Autor
Vanessa Ochi Agostini, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Instituto de Oceanografia (IO). Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Biológica (PPGOB), Avenida Itália, km 8, Caixa Postal 474, CEP 96201-900, Rio Grande, RS, Brasil.
Luise Penz de Moraes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos (CECLIMAR/IB), Avenida Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS, Brasil.
Jane Marlei Boeira, Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), Unidade Novo Hamburgo, Rua Inconfidentes, 395, Bairro Primavera, CEP 93340-140, Novo Hamburgo, RS, Brasil.